Continentino
Sim Senhor
Brotei
da cepa da história
Me
fiz audaz, coeso, vigilante
Trilhei
por caminhos marcantes
Ultrapassei
remansos e corredeiras.
Em
Pirogas de corticeiras
Pelo
rio Uruguai eu desci
Sobre
canoas no Ibiqui
Recebi
o santo batismo
Aprendi
o catecismo
Na
catedral que não se encena.
Prendi
a cruz de Lorena
Amarrada
com Embira
No
tronco da Guajuvira
Entrelaçada
em um só nó.
Em
amarras de cipó
Como
uma benção que vem do céu
Arquitetei
o meu primeiro Mundéu
Na
redução do Caaró.
Pedi
a benção pra Murubixaba
O
imorredouro feiticeiro selvagem
Conduzi
lendas, carreguei imagens
Quando
neste contexto me alongo.
Busquei
água com porongos
Pra
benzer o chão bendito
Do
continente infinito
Do
Rio Grande de São Pedro
Que
um dia aflorou sem medo
Na
missão que não se acaba.
Com
muito frio me aqueci na Taba
Sob
o fascinante explendor da Lua
Ao
lado de Cunhatais nuas
A
exibir suas peles morenas.
Que
excessivamente enfeitadas de penas
Imensamente
me enfeitiçava
Momentos
em que me conscientizava
Que
nossa vida é tão breve ou pequena.
A
famigerada lança de taquara
Que
empunhou Sepé Tiaraju
Toda
ornamentada em couro cru
Descobri
flutuando no Vacacai.
E
o legendário André Taquari
Que
a tradição ainda nos fala
Vi
cruzar de Xiripa e Pala
Sempre
pomposo a despassito.
Lá
a cola, vi tranformar-se em Andrézito
Numa
arrogância que se consome
Onde
tornou-se Artigas por sobrenome
Sobre
a proteção da mãe Tupanci.
A
transformar-se em ídolo entre os Guaranis
Ou
junto aos Pajés dos fogões
Em
um realce de mil emoções
A
galopito e sem corcovos
Vi
finalmente regressar aos sete povos
Como
pacificador das missões.
Do
Minuano impertinente
Me
abriguei sobre uma Penha
Fui
resenha da República andarilha.
Rumei
por várzeas e coxilhas
Ostentando
com fulgor
O
valoroso pavilhão tricolor
Na
insígnia imutável de uma raça
Que
sob o Nordestão se esvoaça
Num
clamor por liberdade
Dignidade,
igualdade
Seguindo-se
um único ideal.
Hoje
de maneira até magistral
Enrolado
neste venerável manto
Ainda
ouço pelos quatro cantos
Nas
longas noites quando desperto
Os
inconfundíveis gritos de Antônio Neto
No
inesquecível combate do Seival.
Ajudei
o vovô a tocar tropas
Pelo
caminho de Viamão
Desbravei
rios e cruzei por sertão
Venci
torrenciais enchentes
Levei
a própria alma do continente
Apresilhada
em meus ideais.
Ultrapassei
com garbo os Campos Gerais
Quando
encontrei com Antônio Bicudo
O
memorável estancieiro sisudo
Que
abastecia a abrigava os tropeiros
Castelhanos
e brasileiros
Que
celebrizaram esta rota.
Andei
pelos campos, trilhei pelas grotas
Por
onde a coragem não se acaba
Por
onde a esperança não desaba
Margeando
vales e serros
Ouvindo
unicamente a voz dos cincerros
Até
finalmente alcançar Sorocaba.
Em
antigas armas de cavalaria
Nos
tempos que lá se vão
Com
Espada, Sabre e com Mosquetão
Fui
vigia, fui sentinela.
O
amor pela pátria verde e amarela
Sempre
carreguei nos tentos
E
o respeito por meu Regimento
Ainda
cultivo com veneração.
Também
juro, que não foi em vão
Quando
escutei com imenso orgulho
A
voz contagiante do Getúlio
Em
estilo brando, entretanto varonil.
Na
oração mais meticulosa e febril
Ultrapassando
fronteiras e horizontes
Quando
fez ecoar através do montes
Proporcionando-nos
ênfase no momento
Quando
bradava aos quatro ventos
Trabalhadores
do Brasil.
Mergulhei
em águas turvas
Como
um centauro na escuridão
Agarrei-me
no pega mão
Do
para-peito da História.
Fui legenda e memórias
Do
glorioso berço continentino
Onde
Deus traçou meu destino
Com
respeito e com disciplina
Sobre
o dorso da colina
Sem
blateração ou escarcéu.
Torci
meu próprio sovéu
A
beira de um corredor
Vivendo
na esperança e no amor
Também
na devoção mais fiel.
Sempre
contei com a proteção de São Miguel
Que
levarei na minha bagagem
Um
dia quando chegar ao fim a viagem
E
eu adentrar a tranquito no céu.
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